terça-feira, 18 de junho de 2013

E o Rio de asfalto e gente...

27/06/2013
A manifestação de hoje foi marcada pela representação de vários grupos distintos. Eu cheguei a me sentir só em meio a multidão, nenhum grupo me representava na íntegra. A concentração foi, novamente, na Cinelândia e depois a multidão de gente escoou pela rua Evaristo da Veiga com o objetivo de dar a volta pela Avenida Primeiro de Março. Um grupo de meninas com microfone e câmera me abordou e perguntou se eu estava na manifestação ou se só estava passando. Nesse que talvez tenha sido o momento mais solitário desse meu dia de manifestante, elas propuseram uma entrevista. Supus que fossem estudantes de jornalismo e, como eu não era estudante, nem tinha pena na cabeça como os índios, nem usava o botton da saúde, elas tenham estranhado alguém tão "normal" participando. Segui sozinha todo o percurso. Não sabia ao certo o que minha presença manifestava ali. Sabia que ao contrário do que dizia a palavra de ordem no carro de som, eu não estava ali pelo "fora Dilma", porque ainda acredito que em uma Democracia só se tira ou coloca alguém eleito pelo poder do voto, nas urnas, com outros votos.  Sabia que meu ponto não era bem o "não vai ter Copa", como gritavam uníssonos os estudantes de várias Universidades e escolas, pois o campeonato por ele mesmo não constitui um problema, diferente dos inúmeros acertos, acordos e contratos nebulosos entre governo, FIFA e empreiteiras. Minha presença ali era por algo maior, que nem soube expressar direito paras as supostas jovens jornalistas. Caminhava acompanhada somente por um sentimento de necessidade de mudança, essencial para um país mais justo e melhor.

  ...
E basta contar compasso
e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio...
E lá se vai mais um dia
E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente,
gente, gente...

 (Clube da Esquina 2, Milton Nascimento e Lô Borges).



  Grupo dos policiais 




   Av. Rio Branco



Grupo dos que foram direto do trabalho 

 Sinal fechado

Bandeira

 Grupo dos bombeiros
 
 Grupo dos índios  



 Grupo da saúde









  Grupo dos partidários
 
 Grupo dos policiais

Grupo das feministas 

 Mascarado

  Grupo dos camelôs
  Grupo dos sem partido 




 Mascarado


 Pipoqueiro


  Chão



  Tiradentes
 
 




  Grupo dos anarquistas









20/06/2013
As manifestações continuam com mais pessoas na rua. Hoje percebi um público mais diversificado. O Rio de asfalto e gente escorreu pela Av. Presidente Vargas, entornou na Central do Brasil e entupiu o meio fio da Prefeitura do Rio de Janeiro. Cenas belíssimas puderam ser captadas e saímos de lá, como bem disse Roberta que me acompanhava, com a sensação de missão cumprida. Um sentimento que está brotando, ainda uma vereda, olho d´água, esse Rio de Janeiro!

Concentração
Esquina

Caminhada
Pilotis

Cartazes
 
Vândalos fora do movimento!

Relógio

Cartaz de tênis sobre bueiro


Cartaz


Comissão de frente  

Lado de trás


Conversa

Mural de Santana

Sinal Fechado


Apreciando cartazes

Menina de trança

Gente e mural

Gente e cartazes



17/06/2013
As manifestações ocorridas no Rio e em todo o Brasil representam um descontentamento geral. O aumento das passagens de ônibus foi o estopim, mas é nítido que as pessoas buscam muito mais, há uma busca por identidade. 
Circulando pelo centro da cidade por volta das 20h, ouvi uma explosão vinda da Praça XV, depois soube que um grupo depredou a Assembleia Legislativa e o Paço Imperial. É muito triste ver estes e outros prédios históricos pichados e degradados, mas nem essas lamentáveis ocorrências ofuscam a beleza da Av. Rio Branco com milhares de pessoas caminhando, num rio de gente. 
Enquanto a polícia tentava conter um grupo que perseguia policiais e quebrava tudo que via pela frente, em um quarteirão dali, eu observava de longe a nuvem de gás e a nossa volta cheiro de ácido acético, ou vinagre, que descobri ser para conter o gás lacrimogênio. 
Lembrei da multidão pacífica, que horas atrás marchava para a Cinelândia, depois nos meninos que violentamente, confrontavam os policiais na Av. Primeiro de Março. Detive-me a pensar o que será de toda essa gente daqui a dez, vinte anos. Onde todos estaremos ao nos lembrarmos desse dia histórico? Cada um que estava ali, naquele momento, tem seus sonhos e desejos, mas nesse dia tão breve na história do nosso país, as aspirações convergiram para o bem comum, daí a sensação de leveza e vida para a frente com que nós amanhecemos, hoje, nessa cidade maravilhosa. Com certeza a vida conduzirá seus anseios por caminhos nem tanto conhecidos, alguns inimagináveis, como foi rio de gente que escoou pela Rio Branco no centro do Rio de Janeiro e desaguou no Teatro Municipal.


... 
...
E basta contar compasso
e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio...
E lá se vai mais um dia
E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente,
gente, gente...

 (Clube da Esquina 2, Milton Nascimento e Lô Borges).



 Rua Primeiro de Março às 20h do dia 17/06/2013.

 
 Rua Primeiro de Março às 20h do dia 17/06/2013.










Av. Nilo Peçanha.


Av. Rio Branco.



Cartaz pregado no Avenida Central.


Rua São José.

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