quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crisálidas na Selva de Pedra



Lendo uma publicação sobre o contraste arquitetônico do Rio, lembrei do palacete mourisco, lindo, onde era o Cine Palácio na Cinelândia, ainda de pé, firme e forte, espero que para sempre (outro dia vi um trator retirando entulhos de lá). A mesma sorte não teve o Pavilhão Mourisco de Botafogo, deste só sobrou o nome, que foi emprestado para o prédio horroroso a que deu lugar. Depois pensei que esse "contraste arquitetônico" nos influencia diretamente. A cada dia somos transformados e mudamos, junto com a Cidade, maravilhosa que é. Somos crisálidas na Selva de Pedra.  


 O Cine Palácio já não funciona, mas o prédio continua como uma das pérolas da diversidade da Cidade, que é transformada a cada dia e nos transforma junto. 
 

 É triste saber que essa joia digna de Granada na Espanha, existiu em Botafogo. Estamos de passagem por aqui, nesta cidade que é de todos, mas às vezes parece pertencer a uns poucos, que se sentem no direito de mutilá-la. O Rio de Janeiro seria ainda mais impressionante e maravilhoso se eles deixassem.

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veja também: Museu do Índio do Maracanã 
                        Mensagem ao Daniel sobre o Museu do ìndio 

Um comentário:

  1. O Rio é nosso personagem principal, pelo menos enquanto morarmos nele.

    " (...) O Rio não é uma cidade exuberante. É cidade erguida em um lugar exuberante - e essa distinção é essencial. Porque cidade é coisa que nós construímos, enquanto lugar já é dado pela natureza. Falar de cidade maravilhosa faz parecer que construímos algo, o que disfarça a verdade: destruímos um pouco todo dia. (...) Houve surtos de boa arquitetura aqui e ali, tampouco sobreviveram a ímpeto do morro e do asfalto de construir como quer, onde quer, sem cuidado ou gosto. (...) salpicada por tijolos pintados de vermelho e algumas plantas, piscinas miúdas, tudo sempre muito quadrado, muito disforme. Que cidade feia. E que lugar bonito, formado ao acaso em tanto tempo (...)"

    Pedro Doria - "1565 - Enquanto O Brasil Nascia" (1ª edição, páginas 34 e 35, Editora Nova Fronteira)

    Até quando este lugar, esta natureza, será "exuberante"?
    Para transformá-la novamente em uma cidade "maravilhosa" será preciso reinventá-la, sem abrir mão de preservar e restaurar seus encantos arquitetônicos que são de um tempo em que conseguia unir os dois adjetivos em urbe e natureza.

    Será preciso impedir que o Aterro do Flamengo seja violentado por Eike Batista, Cabral e Eduardo Paes, que a Marina da Gloria também seja salva das atrocidades que estes mesmos andam tramando. Que o Museu do Índio, no Maracanã, seja preservado e restaurado com suas características originais depois de muita luta da sociedade para livrá-lo da demolição que estes mesmos senhores queriam, que o bondinho de Santa Teresa volte a circular, que a casa de Machado de Assis seja restaurada, que o projeto e construção do Píer da Praça Mauá seja modificado para que além da modificação de local, não tenha o desenho esdrúxulo que irá nos condenar eternamente ao bloqueio visual da baía, que... Nossa! São muitas mazelas que essa gente que não ama o Rio quer impor à cidade. Eles são da "República do Guardanapo", e depois que encherem as burras de dinheiro, desfrutarão em Paris... como já estão fazendo.
    Vamos tentar.
    Salvemos o Rio de Janeiro!

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