06/01/2013
"Falando
francamente, nada me alegra mais do que deparar-me com uma obra de arte que,
além de suas qualidades artísticas, seja inovadora. Não poderia ser de outro
modo, pois costumo dizer que a arte existe porque a vida não basta. E quando
digo vida, nela incluo, claro, também a arte que já existe. E queremos mais.
Daí porque o surgimento do novo é inerente à própria criação artística. Nenhum
artista quer fazer o que já fizeram ou o que ele próprio já fez. Por isso que
fazer arte é fazer o novo."
"...
Esse processo não tem a lógica comum ao trabalho habitual, já que o trabalho
criador é, essencialmente, a busca do espanto. Falo das artes plásticas, uma
vez que, na poesia, se dá o contrário, o espanto está no
começo: é o novo inesperado que faz nascer o poema.
Sem
dúvida, a história da arte mostra que houve momentos em que a necessidade do
novo --o esgotamento do atual-- levou a um salto qualitativo que determinou uma
ruptura com a tendência em voga. Exemplo disso foi quando Claude Monet pintou a
célebre tela "Impression, Soleil Levant", que determinou o surgimento
do impressionismo."
"...
O pintor, então, sai do ateliê, vai pintar ao ar livre e a pintura se torna
também o registro do "devenir", da mudança cromática da paisagem
com o passar das horas. Mas isso é a explicação teórica; na prática, a
pintura impressionista revela uma nova beleza, um novo encantamento."
"Essa
é a visão geral, porque, na verdade, cada um daqueles pintores revelou alguma
beleza nova a nossos olhos. Até que Paul Cézanne provoca uma nova ruptura nessa
nova linguagem. É a partir de então --particularmente com o
cubismo-- que a busca do novo se acelera, talvez até em consequência do
dinamismo da vida moderna."
"...E
assim, de certo modo, o novo, que era consequência natural da criatividade
artística, tornou-se o objetivo do artista. Mais do que fazer arte, ele deseja
agora fazer o novo, que passou a ser um valor em si mesmo."
"Sucede
que a busca do novo pode conduzir à desintegração da linguagem artística,
o que ocorreu com as artes plásticas durante o século 20. Não tendo mais
linguagem, os que tomaram esse rumo passaram a usar as coisas mesmas como meio
de expressão, bastando, para isso, deslocá-las de sua situação usual e pô-las
num museu ou numa galeria de arte."
"...Alexandre
Dacosta, que se vale de múltiplas relações formais e vocabulares para nos
instigar a imaginação e nos divertir...”
“...Ele
define seus objetos como "utensílios capazes de deslocar a percepção para
uma invertida reflexão do cotidiano". Trata-se de uma das manifestações
mais inteligentes e criativas dentre as que vi ultimamente nesse gênero de
arte."
...
Nenhum comentário:
Postar um comentário