O espetáculo
induz a interpretação da história. De acordo com os movimentos dos bailarinos,
o cérebro vai desenrolando, como se fosse um filme, uma sucessão de
acontecimentos que estão no íntimo de cada um. O genial da arte está na leitura
do que cada um faz interpretando a linguagem a que é submetido. Foi esse o sentimento
ao visualizar a expressão corporal dos bailarinos no espetáculo Belle produzido
pela coreógrafa Deborah Colker.
Os recursos
ajudam o imaginário a tecer a história, envolta em uma conspiração de figurino,
cenário e ritmo musical. Todo o ambiente favorece que o receptor desenvolva seu
próprio conto, sua própria história. Capture do seu subconsciente memórias que
o leve a pelo menos reconhecer algo familiar ou a buscar similaridades e
associações com a cena. Foi assim quando os bailarinos se envolveram em uma tela
de tecido e desenvolveram uma performance perfeita criando uma atmosfera de
encantamento teatral. O tecido remetia a uma teia de aranha gigantesca em um espetáculo
de dança e artes plásticas e ao mesmo tempo traduzia a história da personagem Belle du jour presa em suas próprias atitudes
e comportamentos.
A
arte através da dança contou a história baseada no livro do escritor
franco-argentino Joseph Kessel, uma tradução da literatura, onde cada espectador
independente de ter lido o livro ou assistido ao filme Belle du jour pôde, inspirado na coreografia e na expressão
corporal dos bailarinos, interpretar à sua maneira a história, recontar para si
mesmo.
Belle, Cia de Dança Deborah Colker
Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 16/jun/2014.